quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA ECONÔMICA REGIÃO RIBEIRA DO POMBAL


A Bahia foi escolhida, no século XVII, para sediar o Governo Geral de Portugal no Brasil. Isso favoreceu as condições de povoamento e prosperidade econômica, permitindo emparelhar a Bahia com Pernambuco e São Vicente.
Nas áreas litorâneas (Salvador, Recôncavo, Ilhéus e Porto Seguro) haviam diversas atividades econômicas.
Mas, e o resto da província?
Faltava povoar e explorar o “Sertão da Bahia” e o “Sertão de São Francisco”.
Isso se deu, primeiro, com o movimento jesuítico para a catequese indígena, ou por outra amansá-los; depois, com as fazendas de gado (currais).
Portugal precisava povoar as terras para que garantisse de vez sua posse.
Dos chamados desbravadores do sertão do Nordeste, o mais famoso foi Garcia D’Ávila, fundador da dinastia dos Senhores da Casa da Torre, numa fortaleza em forma de torre, a treze léguas ao norte de Salvador.
Seus domínios, doados pelo Governador Geral começava no litoral, entrando pelo sertão, Jeremoabo, Sertão de Canudos, Itapicuru, Pombal, chegando ao Rio São Francisco, alcançando Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Numa área superior a países europeus, como Espanha ou Inglaterra.
O vasto sertão baiano estava habitado por numerosas tribos indígenas. Na região de Pombal, a que nos referimos de agora por diante, viviam os índios Kiriris (ou Cariris), pertencente ao tronco Jê, chamados tapuias.
Os jesuítas localizaram-se em aldeias para a catequese sertão adentro e próximos às entradas que iam de Salvador ao Rio São Francisco, dentre elas, a meio caminho, Canabrava (hoje Ribeira do Pombal) e Saco dos Morcegos (Mirandela).
Os Jesuítas Jacob Rolando e João de Barros lideraram as missões, que a partir de 1666, construíram a igreja em Sacos dos Morcegos, denominada Igreja da Ascenção do Senhor. Depois daí erigindo uma vila, com o nome Mirandela, pois tratavam-se de padres portugueses da região de Miranda.
Em Canabrava edificaram outra igreja, réplica da de Mirandela, com o nome de Igreja de Santa Tereza, e a aldeia passou a chamar-se aldeia de Canabrava de Santa Tereza de Jesus dos Kiriris.
Essa passou a ser a maior aldeia Kiriri conhecida. A Região contou também com as aldeias, seguidas da povoação dos não-índios em Cumbe, Natuba, Tucano, Jeremoabo, Olindina, Bom Conselho, Itapicuru...
Mas a família Garcia D’Ávila, considerava os índios propriedades suas (para a escravidão) por estarem estes em “suas” terras chegando a terríveis impasses junto aos padres, que os consideravam “propriedades” da Igreja.
Esse impasse chegou à guerra, onde num a to de covardia o Senhor Garcia D’Ávila matou quatrocentos índios já rendidos. Os índios homens, sobreviventes, foram levados para Salvador, como escravos.
partir desse episódio, os Kiriris, sentindo-se próximos demais do perigo que vinha pela estrada, aos poucos foram se mudando para a aldeia vizinha, Mirandela, onde a população cresceu bastante.
A região de Pombal, por estar no meio do caminho entre Salvador e o Rio São Francisco, rota de tropeiros, aventureiros e outros viajantes, servia de parada para repouso, principalmente a aldeia de Canabrava.
A ocupação da região foi feita por frentes pastoris e inúmeras fazendas de gado instaladas, a começar das margens dos rios.
Verificava-se o confronto entre os índios e os posseiros de maneira violenta em constantes massacres de ambos os lados, por gerações seguidas.
O mesmo se verificava nos arredores dos outros aldeamentos, em Cumbe (Euclides da Cunha), Natuba (Nova Soure), Cipó, Itapicuru, Jeremoabo...

O ENGENHO



O monopólio da terra sempre foi e é um dos grandes males do desenvolvimento econômico do Brasil, cujas origens remontam aos tempos coloniais.
A monocultura, abrigada no seio do monopólio da terra, volta-se exclusivamente à produção de alguns produtos, castrando brutalmente o crescimento das forças produtivas. Por mais de três séculos, baseou-se no regime do trabalho escravo, que se levantou como uma barreira à propagação do trabalho livre.
Acompanhando esse atraso semi-feudal, Pombal não fugiu à regra de muitas cidades da época e até o final do século XIX era dominado pelos "donos de engenhos". A riqueza e o poder dos "senhores de engenho" (os coronéis) eram baseados no regime de grandes propriedades e vastas plantações de cana-de-açúcar nos campos.
A movimentação do trabalho para fabricação dos derivados de cana-de-açúcar (no caso de Pombal, a rapadura) e a ostentação dos donos dos engenhos, era feita através da exploração da mão-de-obra escrava negra, geralmente trazida da costa da África, visto que os índios do Brasil não Se adaptaram às condições de trabalho a que eram impostos.
Em Pombal, as grandes plantações de cana-de-açúcar estendia-se por todo o território do "brejo", grandes dimensões de áreas plantadas. O principal detentor de todo esse império dominante da época foi Antonio Ferreira Britto. Por sua posição como grande latifundiário, era conhecido e tratado por "Coronel Ferreira Britto", como era costume do período.
Uma das principais causas que contribuíram para a queda dos donos de engenhos foi a seca que predomina no sertão. Além disso, uma série crise de estrutura minava a economia agrária nacional. O regime escravagista dera o que tinha que dar vivia nos últimos alentos. Esse mal foi agravado com a promulgação da Lei de 13 de maio.
A queda dos senhores de engenho coincidiu com a queda do próprio Império e com a Abolição da Escravatura, surgindo uma nova classe: a dos usineiros, para a produção do açúcar.
A classe dos donos de engenho passa a planos secundários: sobrevive ainda, mas à sobra da usina em situação agônica, que duraria muitos decênios.

                       A REGIÃO HOJE
               Hoje, a região de Ribeira do Pombal é um promissor entroncamento entre a capital e a região do São Francisco; e entre Sergipe e o Sertão, envolvendo os municípios de Banzaê, Cícero Dantas, Antas, Sítio do Quinto, Jeremoabo, Quijingue, Tucano, Ribeira do Amparo,  Caldas de Cipó, Nova Soure, Olindina, Itapicuru, Heliópolis, Fátima, Adustina, Novo Triunfo e Paripiranga.

                    INFORMAÇÃO SÓCIOECONÔMICA

                    DEMOGRAFIA

A população residente na região de Ribeira do Pombal, segundo estimativas do IBGE está em torno de 450 mil pessoas.
A densidade demográfica é de 22,72 hab/km2

          MÃO- DE- OBRA

              De toda a população economicamente ativa, próxima de 125 mil pessoas, cerca de 65% trabalham nas atividades agrícolas, 20% no comércio, 2% na industria e 13% nas demais atividades.

          RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DA POPULAÇÃO

 Prevalece o rendimento de um salário mínimo, para cerca de 40% da população economicamente ativa, seguidas das faixas salarial de 1 a 2 e de 2 a3 salários mínimos.

BANCOS

          Os serviços bancários estão presentes nas cidades da região através do banco do Brasil (12 agências), Banco do Estado da Bahia (08 cidades), Caixa Econômica Federal (01 cidade), Banco do Nordeste do Brasil (01 cidade), Bradesco (01 cidade).
Em Ribeira do Pombal existe: O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e Bradesco.


INFORMAÇÕES ECONÔMICAS
AGROPECUÁRIA

             CULTURAS



           A região de Ribeira do Pombal tem como principal produto o feijão, sendo a segunda região produtora do Estado da Bahia, perdendo apenas para a região de Irecê. O município maior produtor da região é Adustina, porém o feijão é faturado em Pombal para ser comercializado.
Segue ao feijão, a mandioca, cultura nativa cultivada desde a época dos Kiriris. Depois vem o milho, castanha do caju.
Outras culturas se fazem de menor importância que estas, como: banana, laranja, etc.

REBANHOS

 O rebanho bovino está em maior número. Seguem o ovino, o caprino, o suíno, o asinino e, por fim, o equino.
Apesar da região possuir bom número de gado para corte, uma parte é trazida do sul do Estado para atender ao mercado, principalmente para o município de Pombal.

             PRODUTO ASCENDENTE

             Ultimamente, graças ao trabalho de cooperativa, o mel vem se destacando em demasia no município de Ribeira do Pombal, abastecendo toda a região e até exportando para longínquos lugares.

             INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

               Surge como uma atividade alternativa a indústria do couro no povado de Tracupá, com utilização do couro de Goiás, Ceará, Maranhão e do couro bruto local, para a fabricação de cintos, bolsas, jaquetas, etc., para abastecer vários mercados da região e de outros Estados.
Outra fonte significativa de riqueza é o artesanato, principalmente em Caldas do Jorro e em Caldas de Cipó, nesta última, o trabalho das cooperativas levam os produtos até ao mercado exterior, no MERCOSUL.

             TURISMO

 

              O turismo é tradicional em Caldas do Jorro, Caldas de Cipó e Jorrinho, Estâncias de águas termais, bastante procuradas para lazer e pelas propriedades medicinais da água quente que brota do solo.
Caldas de Cipó chegou a receber personagens históricos, dentre eles: Getúlio Vargas, o então presidente da República.
Ambas localizam-se a 30 km ao redor da cidade de Ribeira do Pombal.           



Rafael Oliveira de Almeida
Fonte: Anuário Estatístico da Bahia
Memória Histórica de Ribeira do Pombal – Fernando Amorim

Um comentário:

  1. Sugiro que vejam e historiem o que está ocorrendo no Bairro de Vila Operária, em Ribeira do Pombal, aonde a comunidade formada pelas famílias que foram retiradas da Vila de Mirandela, devota de Senhor da Ascensão construiu sua nova igreja e um centro comunitário para se manter congregada como forma de preservar sua tradição religiosa, sua cultura. Constata-se que na solução dada pelo Governo de então - José Sarney - a FUNAI não teve a sensibilidade necessária para conciliar as diferentes etnias locais preservando, destarte, o interesses de todos os brasileiros que não são apenas os indígenas. A Vila de Mirandela teve sua igreja construída em 1666 pelas famílias que ali já se haviam fixado. Logo, teria que ter sido relativizada a carta régia do ano de 1700 que concedeu aos kiriris a região em torno dessa igreja, num raio de três quilômetros. É que distancia-se do principio da razoabilidade, que no âmbito do Estado de Direito é fundamental, quando aplicado isoladamente, em detrimento de outros dispositivos constitucionais que emanam do princípio da isonomia que sugere a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Houve por parte das autoridades de então um resquício de sensibilidade humanística, índios, brancos, negro e seus consanguíneos estariam vivendo em paz, todos mantendo suas tradições centenárias, cultuando os restos mortais de seus respectivos antepassados, todos sepultados no mesmo cemitério desde meados do século XVII, ou seja, desde 1666. O que fizeram ao povo de Mirandela foi uma tortura das mais cruéis. Eis ai uma verdade que precisa ser contada. Por requerimento que fiz perante o Ministério Público Federal, a Igreja do Senhor da Ascensão de Mirandela está sendo reformada e será preservada. Sem dúvida um patrimônio histórico. Isto é bom. Mas a dor da perda do torrão natal é incomensurável e absolutamente irreparável. Sou mirandelense, sou Advogado e vivo em São Paulo, sem interesse pessoal no caso. Apenas sinto a dor dos meus conterrâneos e gostaria muito de poder ajuda-los, pelo menos a poderem visitar o cemitério onde estão sepultados todos os seus antepassados. Francisco Calasans Lacerda.

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